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1º satélite brasileiro bate recorde da NASA com maior tempo em órbita

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O Satélite de Coleta de Dados 1 (SCD1), lançado em 1993, foi o primeiro satélite construído e operado pelo Brasil. Além desse marco histórico, nesta quarta-feira (28) ele completa 30 anos, 4 meses e 15 dias na órbita da Terra, o que são 12 dias a mais do que o aparelho que anteriormente ficou mais tempo observando a Terra.

O SCD1, que ainda está em pleno funcionamento, bateu a marca de um aparelho da Geotail, feito em parceria da NASA (Agência Espacial dos EUA) e JAXA (Agência Espacial do Japão).

A persistência desse satélite brasileiro impressiona em todos os sentidos pois ele foi projetado para funcionar aproximadamente por 1 ano. Mesmo os equipamentos atuais e modernos, tem expectativa de funcionamento na órbita de 5 anos e permanecem inativos por lá mais 25 anos como lixo espacial, até que retornam para a Terra e se desintegram ao atingirem a atmosfera.

Com isso, o SCD1 ultrapassou a marca do funcionamento de um satélite atual somado do período de inatividade em órbita, que são 30 anos. Esse satélite foi projetado e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que elogia o dispositivo como “um tributo à competência da engenharia espacial brasileira”.

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Satélite SCD-1 no laboratório de desenvolvimento. Imagem: Inpe

O engenheiro do Inpe, Sebastião Varotto, disse ao Tilt que o SCD-1 percorreu mais de sete bilhões de quilômetros em volta da Terra, distância que praticamente daria para viajar para Marte e retornar por duas vezes.

Atualmente a tecnologia espacial brasileira não está avançada, porém o lançamento do SCD-1 foi uma verdadeira revolução na década de 1990. “Com o SCD, chegamos a 80% de precisão, ficando entre os melhores do mundo”, informou Varotto.

Esse aparelho coleta dados ambientais e meteorológicos de centrais de monitoramento por todo o Brasil e repassa os dados para centrais de processamento de Cuiabá (MT) e Natal (RN), conhecidas como Plataformas de Coleta de Dados Ambientais (PCDs). Com esses dados, as PCDs são capazes de analisarem várias informações, como a qualidade da água, pressão atmosférica, temperatura do ar, nível de água em rios ou represas e mais.

Atualmente existem vários aparelhos muito mais modernos e que tornam esses dados menos relevantes do que na época do lançamento, “Mas naquele tempo, com capacidade computacional limitada e sem redes de celular, eles foram essenciais para a meteorologia e a previsão climática”, disse o Varotto.

“A concepção do SCD-1 foi como a de um Fusca: simples e robusto. Se não tiver bateria, é só empurrar que pega. Um satélite não tem chave. É lançado ligado e fica assim pra sempre. A maioria deles acaba por questão energética, como um celular velho. Mas este tem um jeito de continuar funcionando, mesmo que parcialmente, só com a tensão gerada nos painéis solares.”, explica o pesquisador.

O SCD-2 foi lançado 5 anos após o lançamento do SCD-1, com expectativa de funcionamento também de 1 ano. Como o primeiro, o SCD-2 continua ativo até hoje, e segundo Varotto, ele pode bater o recorde de satélite com mais tempo em funcionamento do SCD-1 no futuro.

Realmente o funcionamento do SCD-1 mais de 30 vezes da expectativa é um fato impressionante. Quem sabe essa informação revigorante pode fazer com que os investimentos na tecnologia espacial do Brasil sejam implementados novamente.


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